Dizem que Julia casou com quase quarenta anos, era virgem e não sabia cozer um ovo.
Isso dá-me muita esperança, porque casei aos 30, não era virgem e já sabia fazer ervilhas com ovos escalfados.
Julia Child tornou-se uma referência na arte da culinária. Não posso desejar tornar-me numa referência tão emblemática como ela, mas inspirada pela sua marca, gostaria muito de contribuir para que mais mulheres adorem cozinhar, numa era em que a cozinha parece ter-se tornado num monstro repugnante para a mulher moderna.
Embora Julia tenha sido uma referência, talvez para as nossas mães ou avós, a nova geração nem sonha que ela existiu e revolucionou e para quem não a conhece, por favor, vejam o filme com a fantástica Meryl Streep, “Julie & Julia”, e compreenderão do que estou a falar.
Mas a revolução actual é outra. Um novo desafio na arte da culinária. Não se trata somente de saber fazer receitas absolutamente deliciosas, mas receitas deliciosas conscientes, ou seja, que não nos “matem” em 3 tempos. Posso dar um exemplo, não tanto as receitas da Nigella Lawson, que devem ser, sem dúvida, deliciosas, mas mais ao estilo de Jamie Oliver, com a preocupação de preparar receitas mais saudáveis.
Quero encontrar um meio-termo entre a cozinha francesa (do tempo de Julia), com toneladas de manteiga e ingredientes que contribuem para o colesterol, a celulite, os ataques cardíacos, a obesidade, e a cozinha macrobiótica ou vegetariana, altamente amiga do corpo, mas muitas vezes, nada apetitosa ao paladar e tão pouco apelativa ao olhar (principalmente para quem não está habituado aos seus sabores desde tenra idade).
Ah, também no filme, “Julie & Julia”, aproveitem para apurar a importância do amor na cozinha, ou a culinária no casamento. Pode soar conservador, mas sou de opinião que os extremismos da emancipação da mulher destroem casamentos. Não quero com isto dizer que a mulher não tenha o direito de conquistar a sua liberdade de escolha, mas a comida tem energia, e uma comida feita com intenção de amor e não com fins lucrativos, é sem dúvida o sustentáculo da harmonia numa relação amorosa.
E terminando com uma frase do filme, mais ou menos assim: “-tu és a manteiga para o meu pão e o sopro da minha vida”.
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